Por João Bosco Leal
Sempre me atraíram as histórias relacionadas ao desbravamento do nosso país. As famílias que aqui chegavam, suas origens, o que encontravam ao chegar, as diferenças de clima, de idioma e de costumes. Tudo diferente, e encontrando aqui pessoas também recém chegadas, provenientes de diferentes países e até continentes,
Imagino suas dificuldades, pois até para se comunicar, se deparavam, além do idioma local diferente do seu, também com os idiomas de outros imigrantes nos mais diversos setores de uma sociedade em construção. Eram portugueses, espanhóis, italianos, japoneses, africanos e muitos outros povos, idiomas e costumes distintos.
Todos buscando se instalar no comércio ou no campo, para práticas exclusivamente extrativas, principalmente de madeira, ouro e pedras preciosas, as únicas opções possíveis em um país novo, recém descoberto, onde todos os itens necessários para a sobrevivência dos que aqui chegavam, eram importados, mesmo os itens mais básicos, como telhas para edificações. Muito mais recentemente, pude ver e tocar em telhas fabricadas na França e instaladas no estado do Acre, e que haviam sido transportadas exclusivamente por água, desde o continente europeu até aquele estado.
Imagino o trabalho e o tempo exigido num transporte como esse, para que fosse possível a construção das primeiras edificações não cobertas por folhas de sapé ou de palmeiras em plena região amazônica. Essas telhas que vi em meados da década de setenta do século vinte, já vários séculos após o descobrimento, haviam sido trazidas da Europa para o Acre no final do século dezenove, o que me faz pensar como deve ter sido lá chegar com as mesmas, o custo, as dificuldades, e as perdas desse transporte.
Por exemplos como esse é que me dou conta de como eram ousados e valentes os nossos antepassados, pelo que passaram, o que sentiram e sofreram para que hoje possamos estar onde, e como estamos. Se isso ainda fosse necessário, hoje já seria possível transportar as mesmas telhas entre os mesmos locais em horas, utilizando a aviação de carga, ou em poucos dias, por containers embarcados em navios, carregados e descarregados por máquinas e equipamentos movimentados através de um simples toque em uma tecla.
Atualmente, placas de energia solar facilmente transportáveis, podem gerar energia, e fazer com que o homem possua luz, refrigeração, comunicação, internet e tudo o que queira e necessite, no mais isolado ponto da floresta amazônica, ou mesmo nos mais extremos pontos dos pólos norte ou sul do globo terrestre.
Entretanto, para que aqui chegássemos, foi necessário que esses heróis do passado sofressem, sentissem dores e perdas, morressem, adquirissem diversas doenças comuns nas matas, como a malária, fossem picados por cobras ou outros animais peçonhentos, atacados por índios, e todo outro tipo de dificuldade que a história nos conta.
Mas, infelizmente, nosso país não fala de seu passado, não ensina sobre o mesmo, a ponto de, em uma conversa na semana pasada com uma pessoa de nível universitário completo, haver me surpreendido quando a mesma disse que nunca soube que parte do território brasileiro já pertenceu ao Paraguai, e que o Acre pertencia à Bolívia.
Busco entender, o motivo pelo qual nossos historiadores não se aprofundam nesse tipo de informação, não escrevem e publicam mais livros sobre o assunto, para que nossas crianças e jovens sejam fartamente abastecidos com dados sobre o passado do país. Que, por determinadas ações ou posições tomadas pelo país no passado, sejam políticas ou comerciais, em tempos de guerra ou de paz, elas se orgulhem ou se envergonhem, mas conheçam o passado, de seu país.
Ou falamos de nosso passado, seja ele branco, amarelo ou negro, limpo ou sujo, triste ou feliz, ou não poderemos falar de nosso futuro, pois nunca haverá futuro sem passado.
Um comentário:
Oi PEDRO.Imajino uma familia a
chegar e no fim da primeira
refeição, não encontrar nenhum
lugar onde possa tomar,um café ou
chá..
UM ABRAÇO..
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