Por Augusto Nunes - Veja Online
Foto: Juan Mabromata/AFP |
“Simbiose é uma relação mutuamente vantajosa entre dois ou mais organismos vivos de espécies diferentes”, avisam todos os dicionários. O que fez o neurônio solitário misturar simbiose e pensadores na sopa de letras em dilmês erudito? O que induziu a viajante a decretar que cooperação é sentimento? Os argentinos afundaram no silêncio dos perplexos. Os brasileiros fingiram ter entendido tudo. Nenhum jornalista da comitiva solicitou à declarante que traduzisse o palavrório impenetrável em língua de gente.
A primeira apresentação no exterior mostrou que Dilma tem-se esforçado para assimilar a lição ministrada por João Santana. “Para ocupar o espaço de uma rainha”, ensinou-lhe o marqueteiro do rei, é preciso falar só de vez em quando e limitar-se a platitudes ou perfumarias decoradas alguns dias de antecedência. Na Argentina, em pouco mais de seis horas, falou o que Lula fala em menos de cinco minutos. Tanto bastou para que os jornalistas incorporados à comitiva presidencial enxergassem em Buenos Aires a estreia internacional do que qualificam de “estilo contido e discreto”.
Se não lhes faltasse coragem para ver as coisas como as coisas são, fariam a gentileza de contar aos leitores que, com a redução do ritmo da fábrica de disparates que funcionou em tempo integral durante a campanha, o neurônio solitário ficou mais lento. Mas continua indomável. Dispensada da continuação do caudaloso Discurso sobre o Nada, Dilma agora capricha no besteirol em conta-gotas.
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