sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

ORDEM E PROGRESSO

O livro de José J. Veiga (José Jacintho
Pereira Veiga): "Os cavalinhos de
Platiplanto" (contos). Rio de Janeiro,
Nítida, 1959, traz histórias de infância,
contadas com grande simplicidade.
José J. Veiga nasceu a 2 de fevereiro
de 1915, numa fazenda entre Corumbá e
Pirenópolis (GO) e faleceu em 19 de
setembro de 1999, no Rio de Janeiro.

Em seu livro de contos "Os Cavalinhos de Platiplanto", publicado em meados do século passado, o falecido escritor José J. Veiga, nos coloca na posição de ouvintes do menino de uma cidadezinha interiorana, matutando sobre a chegada de pessoas misteriosas, que se hospedam na única pensão, saem de manhã carregando apetrechos estranhos e voltam de noite, prá ficar bebendo até as altas horas.

A usina atrás do morro” exibe a destruição ecológica pessoal e ambiental, com a chegada de máquinas monstruosas, gigantes que passam a rasgar as matas, destruir a paisagem e os costumes, dividindo as pessoas, impondo mudanças drásticas, que afetam a vida e os costumes de todos os viventes, sem consultar ninguém,

A violenta "marcha do progresso", com as promessas de "bem estar" e "melhorias" para todos, continua esmagando o equilíbrio ecológico e pulverizando a cultura, as crenças, a autoridade familiar, os tempos e movimentos naturais. A coisa piora quando eles falam uma língua que ninguém entende, somente os banqueiros e governantes.

É exatamente o que vai acontecer em Anitápolis, em Santa Catarina, com a instalação de uma fábrica da Indústria de Fosfatados Catarinense em uma associação com a Bunge, uma multinacional que nasceu na Holanda, mudou para os EUA, chegou à Argentina e está no Brasil há um século, atuando também na Europa, Asia, Américas e Oriente Médio.

Os 2990 habitantes vão ser invadidos por mais de 3000 trabalhadores + familiares, esculhambando o equilíbrio demográfico. Os pacíficos colonos vão ser condenados a viver com uma poluição ambiental que nunca viram. Alí, as ongs verdes, nem o meio ambiente, nem o pt vai interferir. É o progresso, são os acordos multinacionais entre os que governam o mundo. É a mão de ferro do governo invisível.

Oprimidos pelo progresso, os brasileiros e os habitantes do mundo em geral foram adestrados nas últimas décadas para aceitar as normas ditadas pelo estado, sem protestar, como se a aceitação silenciosa fosse a mesma norma de comportamento. Pensar e manifestar-se parece coisa de louco, ingênuo, marginal de direita, incabível no mundo controlado pelos tortos, pelos que distorcem a verdade, criminalizando a propria natureza.

Paira sobre as nossas cabeças a espada de um inimigo "indefinido", "invisível" para as pessoas que apenas sentem, sem defesa contra os comportamentos modernos, transplantados e invasivos, que invertem crenças e valores ampliando a ditadura do estado que ignora as leis vigentes mas "não vai preso", que promete e não cumpre, que ilude e passa a perna, que é pago para servir e nos transforma em servos do inimigo invisível.

Tudo em nome da economia controlada em nome de um progresso econômico, que gera a desordem e a aflição na cabeça dos que ainda se sensibilizam com o emprego, o salário mínimo, a educação dos filhos, a moradia digna, a saúde, a segurança. Para todos o governo deixa correr solto o crack, a maconha, a cocaína, o ecstasy, a heroína e outras drogas, que emboloram e embaralham o cérebro, inutilizando os homens para a ação defensiva.

Os governantes são eleitos e enriquecem com o que lhes pagam os banqueiros que, em sua rede internacional "lavam" e protegem os clientes que mobilizam uma economia trilionária! Governantes e banqueiros e mega empresas multinacionais, são os inimigos que ocupam todos os espaços, sem deixar uma brecha que proporcione defesa às vítimas, os comuns, os ignorantes.

Como no conto de José J. Veiga, a tranquilidade e o bem estar acaba quando chegaram os forasteiros para construir "A usina atrás do morro". E "os funcionários em barulhentas motocicletas vermelhas invadem a cidade. Os espiões estão por toda parte... a gente fala baixinho com mêdo da repressão e do castigo do governo progressista.

As referências sobre a inocência, meiguice, curiosidade e fascinação da infância diante da vida, arrumando no coração as experiências no compasso das brincadeiras com objetos elaborados criativamente, bolas feitas com meias velhas e bexigas de animais ou piões e bolinhas de gude, boiadas feitas com maxixão, tudo foi trancado nos baús da memória distante.

Como diz meu amigo Piá, "tudo mostra que o mundo está sob nova direção" promovendo as transformações e espalhando o medo. Medo de morrer na fila do inss, medo de perder o emprego, medo de ficar sem gasolina, medo de faltar a eletricidade, medo dos juros, medo do pivete e do sequestro relâmpago, medo de bala perdida, medo da perdição dos filhos, medo de engordar, medo de não saber como fazer, medo da chuva! Medo do sol! Medo de Ser, medo de Amar.

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