Por João Bosco Leal
Tenho pensado sobre o que realmente é importante em minha vida, a que pontos deveria dedicar mais atenção, sobre quais não deveria sequer pensar, e me lembrei de uma determinada frase de Antoine de Saint-Exupéry, lida já há alguns anos, que dizia: "O essencial é invisível aos olhos".
A capacidade humana de resumir, em poucas palavras, uma infinidade de coisas em uma única frase, um parágrafo, ou mesmo em um texto, com muita objetividade, sempre me deixou admirado, e nessa frase estava mais um exemplo admirável dessa capacidade.
Esse pensamento pode ser aplicado em uma infinidade de casos que fará sentido, e retratará com objetividade centenas de situações. Neste momento porém, resolvi pensar no mesmo quanto aos relacionamentos humanos.
E, por mais que tenha tentado, não consegui me lembrar de nada em meus relacionamentos, desde meus amiguinhos da escola em minha infância, nas paqueras da juventude, até o momento atual, com meus filhos e netos, que fosse realmente importante, mas palpável, visível.
Claro que presentear com uma flor é importante, e dar para o neto um brinquedo que consegue lhe provocar um sorriso, e um brilho em seu olhar, também é palpável, e visível. Mas nada disso é importante se, por trás da atitude, não houver o que realmente interessa, o amor, que nunca é palpável, nem visível.
As pessoas não percebem que não precisam gastar verdadeiras fortunas em um presente para agradar, e adquirem presentes maravilhosos, atuais, do último modelo, para seus amores, filhos e netos, quando provavelmente estes se sentiriam mais profundamente tocados, ao receber um presente bem mais simples, mas especial, pessoal.
Ao passar por um a goiabeira, você se lembrou de quem gosta dessa fruta e apanhou uma. Ao entregar a goiaba, certamente fará com que a pessoa tenha a certeza de que foi lembrada, que o presente é único, exclusivo, sem custo algum, mas com amor, um gesto inigualável de demonstração de carinho.
Amizades e relacionamentos amorosos, ou mesmo familiares, muitas vezes vão se tornando distantes, frios, por falta de gestos como esse, muito simples, mas de incontestável demonstração de afeto. Pequenas atitudes nossas podem tornar uma pessoa muito mais feliz, com a demonstração de que é querida, amada, e ela certamente retribuirá da mesma maneira, querendo bem, amando.
O marido que interrompe a esposa no meio de uma conversa qualquer, sobre política, finanças ou filhos, dizendo que esqueceu de algo muito importante, que precisava confidenciar a ela agora, e, diante da curiosidade demonstrada pela mesma diz: "Me lembrei de que hoje ainda não havia dito que a amo muito", certamente é aquele que sabe disso e está, com atitudes assim, de carinho, procurando dar felicidade à sua esposa.
O namorado ao retornar da viagem entrega à namorada uma simples caixinha com balas de caramelo, de um tipo difícil de ser encontrado, mas que ele viu quando passava por uma loja do aeroporto, e lembrou que ela gostava. Certamente aquelas balas tocarão mais profundamente sua namorada, que um presente da moda, como um celular último tipo, caro, mas que, exatamente por estar na moda, é encontrado em muitos lugares, e usado por todos. O importante dessas balas de caramelo é que são específicas, exatamente do tipo que a namorada gosta, e que o namorado se lembrou disso.
Por mais que a cada dia surjam milhões de novas tecnologias, meios de comunicação diferentes, amizades virtuais, nada mudará o que por séculos é imutável, invisível, intocável, e realmente importante nos relacionamentos, o amor.
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