quarta-feira, 5 de maio de 2010

DOM HELDER CÂMARA

O Homem e o Sacerdote


Bendito sejas, Pai


https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimjZ_sBl0XafoveKsKXOmoB6NYBOcidbHYJLcM0PCjCefstkJ1Wioyv1lJFIrqs__NSpNZtNjB4fPWyH-iYEfkIg0X4s90ylE2WaTNcWl5_CuUzBoWV1_2OuxiXHJFCdeDXsUTY_oPe4Re/s400/Dom+Helder.jpg,

Pela sede que despertas em nós,

Pelos planos arrojados

Que nos inspiras,

Pela chama que és Tu mesmo

Crepitando em nós...

Que importa que a sede fique

Em grande parte insatisfeita?

(ai dos saciados!)

Que importa que os planos

Fiquem mais nos desejos do que na realidade?

Quem sabe mais do que TU

Que o êxito

Independe de nós

E só nos pedes

O máximo de entrega

E de boa vontade?...

Nascimento - 7 de fevereiro de 1909
Fortaleza, CE – 11º de 13 filhos de João Câmara Filho, livreiro, maçom, e Adelaide Pessoa Câmara, professora primária.

Falecimento - 27 de agosto de 1999

Igreja das Fronteiras, Recife, PE. Seu enterro foi acompanhado por enorme multidão, que juntamente com o episcopado pasticiparam das eséquias do Bispo dos Pobres.


Quem foi e quem é Dom Helder Camara?

O 6° Arcebispo de Olinda e Recife – na História dessa Arquidiocese. Foi ordenado sacerdote aos 22 anos, no dia 15 de agosto de 1931, na festa de Nossa Senhora da Assunção, padroeira da sua cidade natal. Sempre contemplativo, acreditava que a realidade nasce nesse sonho, que se concretiza através da palavra e da ação. Já em 1936, foi transferido para o Rio de Janeiro, onde continuou sua ação apostólica no campo social e educativo. Irrequieto, idealizador e combativo foi eleito Bispo em 1952, permanecendo como Auxiliar na Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Antes mesmo se de ser Bispo, sonhara e estruturara a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em seguida, ajudou a criar o Conselho Episcopal Latino - americano (CELAM). Em 1956 iniciou a Cruzada São Sebastião, dedicada aos favelados do Rio de Janeiro. Em 1959 fundou o Banco da Providência, para atender aos mais carentes e excluídos do Rio.

A sua liderança apostólica em favor dos mais desprotegidos levou a Igreja – em 1964 – a nomeá-lo Arcebispo de Olinda e Recife, onde encontraria um imenso campo para a sua luta em favor da paz, da justiça e contra as múltiplas violências de opressão do ser humano.Viviam-se então os difíceis tempos da ditadura militar... A partir de então denunciou ao mundo as torturas e desrespeitos aos Direitos Humanos, pelo regime totalitário em vigência no Brasil. Por pouco não foi preso, não fosse a intervenção do seu amigo Paulo VI que lhe enviou um cálice, como simbolo da unidade fraterna que marcou a longa amizade entre os dois. Apesar de não ter sido atingido pessoalmente pela prisão e tortura, meses mais tarde, o seu filho espiritual, Padre Henrique Dias foi brutalmente assasinado por milicianos contratados.

Dom Helder sofreu para sempre a dor desta perda, colocando-o como mártir daqueles sem voz e sem vez.

No Recife, abriu o Instituto de Teologia do Recife (ITER), com uma metodologia nova para a formação dos futuros padres e líderes da Igreja: uma teologia viva e libertadora, segundo o espírito do Vaticano II.

Criou a Comissão de Justiça e Paz. Fundou o movimento Encontro de Irmãos, a Operação Esperança e o Banco da Providência. Incentivou a Ação Católica, as Pastorais dos diversos meios: lançou, em 1990, a Campanha do Ano 2000 sem miséria e tantos outros movimentos de Igreja e de Cidadania. Influenciou decisivamente o Concílio Ecumênico Vaticano II.

Quando de sua aposentadoria, criou a “Obras de Frei Francisco”, que hoje é o Instituto Dom Helder Camara – IDHeC, que só passou a usar o seu nome após a sua morte.

Em 15 de julho de 1985, por limite de idade, aos 76 anos, foi substituído no Arcebispado de Olinda e Recife. Mas, por amor aos que sempre o buscam como líder e orientador espiritual, permaneceu na capital pernambucana, como Arcebispo Emérito, continuando a residir humildemente nos fundos da Igreja de Nossa Senhora das Fronteiras da Estância de Henrique Dias, um lugar simples mas de forte apelo e valor na História de Pernambuco. Ali faleceu aos 27 de agosto de 1999. Seus restos mortais encontram-se na Sé de Olinda, catedral do arcebispado, havendo a intenção de, no ano do centenário, serem possivelmente transladados para a Igreja das Fronteiras, que continua sendo um referencial para as constantes visitas de pessoas de várias partes do Brasil e do mundo, porque ali Dom Helder viveu 34 anos e exerceu as atividades mais intensas do seu episcopado, tornando-se internacionalmente conhecido na luta pela paz como fruto da justiça social entre todos os povos.

"Quando se sonha só,é um simple sonho, quando muitos sonham o mesmo sonho, é já a realidade."

Personalidade multifacetada,era místico, político, organizador, poeta, realista, sonhador, humilde, ousado, profeta.

Contemplativo, unia contemplação e ação – acreditava que a realidade nasce no sonho, e se concretiza através da palavra e da ação.

Entre suas bandeiras encontrava-se a do ecumenismo, defendendo a relação com as outras Igrejas e as outras religiões, a defesa dos mais pobres, trabalhou com denodo durante toda sua vida a serviço da justiça e de causas sociais.

Por suas múltiplas e diversificadas atividades, encantando a muitos e desagradando a outros, foi chamado por vários nomes, entre os quais:Guerreiro da Paz, Dom da Paz,Bispo Vermelho, Bispo dos Pobres, Profeta do Terceiro Mundo,Arcebispo das Favelas, Artesão da Paz, Dom do Amor, da Paz e da Justiça,

Campeão da Solidariedade, Bispo Comunista.

GOSTARIA DE SER APENAS UMA SIMPLES POÇA D'ÁGUA QUE REFLETISSE O CÉU."

Muito se tem escrito sobre Dom Helder no Brasil e em vários países, nos lugares por onde passou e onde sua influência se fez sentir.

Em texto divulgado pelo Conselho Nacional de Leigos do Brasil são apresentados comentários emocionados de Dom Luiz Soares Vieira, Arcebispo de Manaus e Vice-Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil sobre Dom Helder. Destacamos alguns pontos que refletem um pouco da personalidade desse homem excepcional, o Guerreiro da Paz.

“Uma das grandes personalidades do século XX, homem de Deus, que tinha uma visão singular sobre o povo pobre brasileiro”.

“Eu o conheci em 1984, quando me tornei bispo. Dom Helder era um profeta que falava empolgadamente, não dizia palavras de um intelectual, mas você percebia que era algo profundo, de alguém que tinha intimidade com Deus. Lembro-me de quando ele se hospedava em minha casa, por volta de 4h da manhã lá estava ele fazendo suas orações. Foi realmente um homem de oração, austero, de uma intelectualidade muito profunda”.

“Sempre foi um homem de coragem e de convicções fortes que enfrentou e apontou caminhos para o Brasil.

“Um profeta, homem que viu o mundo com os olhos de Deus. Ele foi totalmente comprometido com a Igreja, a serviço do povo pobre; da colegialidade episcopal, pois foi ele quem fundou a CNBB; e com o seu profetismo”.

“Eu conheci pessoas extremamente contrárias a dom Helder e seus ideais. Elas não suportavam as idéias dele, mas, quando o conheciam pessoalmente se encantavam com seu modo de falar, seu carisma e até paravam para ouvi-lo. Creio que isso ocorria porque ele tinha uma fé profunda, que vinha do coração.”

“Dom Helder é um modelo que a história da humanidade precisa conservar. Sua história e sua memória fazem ponte com a história do Brasil”.

“Seus escritos são espetaculares; sua eloquência é fabulosa, foi um homem de muita fé que vinha de uma espiritualidade que preservava um amor a Deus e ao próximo. Enfim, ele foi alguém que acreditou numa causa e lutou por ela até o fim”.

Dom Helder, sinal de contradição

Dom Helder foi, antes de tudo, um profeta, no sentido bíblico da palavra: alguém que proclama, em nome de Deus, as verdades mais necessárias e incômodas.Seguindo a tradição dos antigos profetas da Bíblia, ele tornou-se um personagem controverso: amado e odiado, aplaudido e boicotado, tido em conta de santo quando distribuía pão com os famintos e acusado de subversivo quando denunciava as causas da fome.

"NENHUM PROFETA É RECONHECIDO EM SUA PRÓPRIA TERRA", disse Jesus, referindo-se a si mesmo, à fria acolhida dos seus conterrâneos em Nazaré da Galiléia. Algo semelhante aconteceu com dom Helder. Nos mesmos anos em que a ditadura militar armava todo tipo de estratégias para calar sua voz, a ponto de proibir a simples menção do seu nome na mídia, ele sofria pressões e ataques dentro da sua amada Igreja, da parte de seus irmãos no ministério. Embora eleito pelos jornalistas europeus como uma das dez personalidades mais influentes durante o Concílio Vaticano II, ele reconhece: "vim para cá com planos muitos queridos, sonhos que não pareciam meus. Não forcei a Providência; não houve nem sombra de clima para eles". O que muitos setores da Igreja temiam era sobretudo o novo estilo de episcopado que ele propunha, ao convidar todos os bispos presentes ao Concílio para depor suas cruzes de ouro ali mesmo e voltar para casa com cruzes de madeira penduradas ao pescoço.

Dom Helder foi ultrapassado pelos acontecimentos da história e da sua morte. Profetas e profetismo estão fora da moda hoje em dia. As Igrejas, de um modo geral, escolhem o caminho mais fácil de homilias que dizem o que a platéia quer ouvir e ritos para enternecer os corações, sem maior compromisso com o Evangelho.

Neste tipo de Igreja a memória de dom Helder continua sendo como fora sua vida, um "sinal de contradição" (cf. Lc. 2, 33 ). Contudo, a Igreja não se reduz aos seus setores mais visíveis, ela é feita também de resistências marginais, minorias lúcidas a quem Dom Helder chamava de "minorias abraâmicas". Estas cuidam de manter viva a herança do profeta, manter levantada a bandeira de uma Religião comprometida com a causa dos direitos dos mais fracos, com a dignidade da vida, com a procura de uma sociedade mais limpa e igualitária, com uma Igreja mais compassivamente mãe, a fim de ser autenticamente mestra.

* Frei Aloísio Fragoso

2 comentários:

Anatoli. disse...

Caro Pedro:

Sou Catolíco Apostólico Romano e não tenho nenhum respeito por esse bispo COMUNISTA, EXCOMUNGADO, fundador da CNBB, núcleo padres MARXISTAS no Brasil.
Esse adorador de KARL MARX só olhava para o céu para saber se ia chover e pegar o guarda-chuva para não se molhar. Que SATANÁS o mantenha no inferno em perpétuo esquecimento até o JUÍZO FINAL.

José Carlos Brandão disse...

Caro Pedro, parabéns pela justa homenagem a D. Hélder.
Sofrerão perseguição em meu nome. Serão sinal de contradição. São difíceis os caminhos do Senhor. - É o que penso quando penso neste homem que nasceu para servir os pobres, como quis cristo.
Grande abraço.