sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A INCONSTANTE DILMA ROUSSEFF

Por João Bosco Leal

Lendo matéria publicada pela revista Veja desta semana, consegui ver condensados, em uma única matéria jornalística, vários pontos nevrálgicos do atual cenário político, todos de conhecimento público, mas angariados em veículos e oportunidades diferentes.

Na convenção do PT realizada em 2007, o partido fechou questão em relação à liberalização da prática do aborto, cuja descriminalização o partido já discutia internamente, desde sua fundação, há 30 anos. Nessa oportunidade, Dilma Rousseff, acompanhando a decisão do partido, declarou-se favorável à descriminalização do aborto, e reafirmou essa sua posição em abril de 2009 e em maio e agosto de 2010, em documentos e entrevistas a diversos veículos de comunicação.

Após pesquisas realizadas pelos marqueteiros de sua campanha, mostrando que 68% da população brasileira são contrários a qualquer mudança na lei em vigor, que só permite o aborto em casos específicos, de estupro ou por risco de vida da gestante, Dilma passou a declarar ser “pessoalmente contra o aborto”, visto que não há como negar, além de suas declarações anteriores, também a posição de seu partido.

A variação de posições de Dilma diante de diversos assuntos é bastante dúbia, visto que nunca disputou sequer uma eleição, e, consequentemente, nunca exerceu um cargo executivo onde sua competência e atitudes ideológicas pudessem ser medidas. Disputa agora esta eleição, por escolha exclusiva do presidente Lula, que, com isso, parece querer mostrar a todos sua capacidade de eleger até um poste, desde que por ele indicado.

Suas declarações pessoais em relação a assuntos importantes como invasões de terras, meio ambiente, liberdade de imprensa, economia, privatizações e corrupção envolvendo seus assessores são variáveis conforme a ocasião.

Apóia os sem-terra, mas, em exposições de gado, ou outro ambiente onde esteja diante de produtores rurais, diz que respeitará a propriedade privada, quando se sabe que o PT pretende a limitação do tamanho de áreas, independentemente de serem produtivas ou não. Em abril de 2010, disse que, por ser do governo, não considerava “cabível” usar um boné do MST, mas, em junho, na convenção do PT em Sergipe, discursou usando o boné.

Declarou-se contrária a contribuições financeiras de países em desenvolvimento para a constituição de um fundo de preservação ambiental, mas, quando soube que Lula se dispunha a contribuir, no dia seguinte já desdenhava da proposta de Marina Silva, que propunha a doação pelo Brasil de US$ 1 bilhão, dizendo que esse valor “não faz nem cosquinha”, insinuando que o Brasil deveria contribuir com quantia muito maior.

Diante do escândalo provocado por sua assessora e sucessora na Casa Civil, Erenice Guerra, declarou, no dia 11 de setembro, com todas letras, “ela tem minha inteira confiança até hoje” e, no dia seguinte, já disse “não posso ser julgada com base no que aconteceu com o filho de uma ex-assessora”, esquecendo-se de comentar que, à essa altura, o escândalo já se estendia ao ex-marido da assessora e a outras pessoas e empresas.

No dia 5 de julho, Dilma entregou à Justiça Eleitoral um programa de governo que propunha o controle da imprensa através de conselhos e observatórios comandados pelo governo, e, no dia 21 de julho, disse “Sou rigorosamente contrária ao controle do conteúdo. O único controle que existe é o controle remoto”.

Por todos esses aspectos, me assusta a possibilidade de entregar o comando de um país a quem não possui nenhuma experiência administrativa, além de possuir um passado e um presente ideológico muito diferente do que é tradicionalmente aceito pela população brasileira.

Diante de tanta inconstância, penso ser realmente muita irresponsabilidade de um eleitor patriota fazer opção de voto por Dilma Rousseff, se nem ela mesma sabe o que pensa sobre tais assuntos.

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