Por João Bosco Leal
Sempre ouvi um ditado que diz: “cada um colhe o que planta”, mas nunca havia pensado sobre a amplitude dele, que serve tanto para quando nos referimos a comportamentos e atitudes, como para o plantio propriamente dito. Passei a pensar na educação que tenho visto pais darem a seus filhos e as consequências que isso vem trazendo para a sociedade e, claro, para o país.
A mudança de atitude dos pais, da geração dos meus ou mesmo da minha, que ousaram alterar os padrões tradicionalmente utilizados na educação de filhos, dizendo que um filho não pode ser repreendido como antigamente, que não se pode encostar a mão nele, que se deve educar somente com conversas e tantas outras “modas” do gênero, culminou nisso que aí está.
Penso que com a maior integração da mulher na sociedade economicamente ativa, esta deixou de lado a presença física com os filhos para poder trabalhar, ou mesmo para sair, passear e viajar, com o marido ou com amigos e, ao retornar ao lar, sente-se incapaz de, nos poucos momentos em que se faz presente, reprimir um filho para educá-lo. O mesmo ocorre com o pai, que tradicionalmente já ficava fora o dia todo, e agora entende que a ausência do casal faz com que, nesses poucos momentos, devam buscar só relaxar e brincar com os filhos.
Esses pais passam então a cobri-los de carinhos e presentes, dando-lhes liberdade para fazer e comprar praticamente tudo que estiver ao seu alcance. Não os ensinam a dificuldade que tiveram para ganhar aquele dinheiro e que o mesmo serve para ser utilizado com parcimônia, em coisas importantes e não desenfreadamente. Quando jovens, não os colocam para trabalhar, deixando de fazer, assim, que sintam, na pele, essa realidade, e que, trabalhando, se preparem para a vida adulta, que certamente virá.
Essa liberdade quase que ilimitada gerou jovens despreparados para a vida em sociedade, sem respeito com qualquer outro cidadão ou patrimônios, públicos ou privados, que agridem gratuitamente outros jovens, desrespeitam e agridem, com palavras ou fisicamente, seus professores e, em alguns casos, até os próprios pais.
São jovens que quando herdeiros de patrimônios, muitas vezes conseguidos à custa de muito suor e lágrimas, os destroem com uma facilidade inacreditável, usando carrões, joias, cartões de crédito e celulares, lastreados pelos pais, gastando desenfreadamente em tudo que não necessitam, mas acham bonito ou que, pensam, vão assim se destacar diante de seu grupo social, sua turma. Esses jovens nunca são limitados pelos pais nessas atitudes, os quais, com isso, pensam com isso estar dando felicidade aos filhos.
Atualmente já é possível ver casos em que os próprios pais já são resultado desse tipo de educação e, eles mesmos, os herdeiros, que levaram, juntamente com seus filhos, um padrão de vida que, certamente, em um determinado momento, se tornará insustentável. Tenho visto exemplos muito tristes do resultado dessas atitudes.
Como os pais, pela ordem natural das coisas, deixarão esse mundo antes destes filhos, e o dinheiro certamente acabará ou diminuirá, a ponto de ser insustentável manter o padrão que mantinham, esses jovens certamente serão, no mínimo, desajustados sociais, querendo continuar levando aquela vidinha de sempre sem poder, e sem experiência anterior, despreparados para qualquer tipo de trabalho que busquem, mesmo aqueles que simplesmente os sustentem.
Estarão, nesse momento, colhendo os frutos de sua vida, até então irreal, e da educação que os pais lhes deram, dando-lhes tudo e não os preparando para a verdadeira vida. Foram cobaias de experiências infrutíferas.
Do Blog de João Bosco Leal.
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