quarta-feira, 13 de outubro de 2010

TRAIÇÕES CLERICAIS

Acabo de receber um email de um pastor evangélico, fazendo campanha contra a candidata do PT, Dilma Rousseff. No ano passado, mandei um recado para esse mesmíssimo senhor, sugestionando fazer, em sua igreja, discussões sobre temas defendidos pelo PT aos fiéis, inclusive, sobre a questão o Projeto de Lei da Câmara -122/06, que falava do chamado “crime de homofobia”. Até então, eu dispunha de grosso material para desenvolver alguma palestra, sem prejuízo de outros assuntos, como a história do movimento de esquerda no mundo e sua violenta campanha anticristã nas democracias atuais. Aliás, tinha a intenção de divulgar o trabalho do grande amigo Júlio Severo, que pertence ao meio evangélico e cujas denúncias às práticas desonestas do movimento gay são assustadoras. Porém, de forma educada, recebi um sonoro “não”. Essa experiência, comum também ao clero católico, percebi na trajetória de outros amigos. Eles se esforçavam por uma militância conservadora em suas paróquias e, a despeito das promessas dos padres, eram francamente boicotados em suas ações.

Quando algumas pessoas lúcidas denunciavam a omissão do clero católico com relação aos destinos do país, muitos carolas e sacripantas puxa-sacos, covardes, vendilhões, posavam-se de doutores da filosofia da Igreja e da suposta autoridade investida de padres e bispos, para que estes fossem inquestionáveis em seus atos de covardia. Da parte desse tipinho proxeneta e canalha, sofri várias críticas, dentre as quais, a de que não respeitava o clero e nem a fé católica. Em algumas listas de debates na internet, fui até injuriado e censurado como alguém rancoroso e inconveniente. Dá pra respeitar eclesiásticos que se omitem ou compactuam com os inimigos da Tradição e da própria Igreja? Como a covardia pode ser sinônima de elevação espiritual? Na cabeça de certos católicos, a pusilanimidade e a corrupção moral do clero estão acima do bem e do mal. É a licenciosidade mais abjeta, sob a aura de uma suposta autoridade moral. Como se o sacerdócio não exigisse aos ordenados, os compromissos da autoridade investida. Como se mesmo a fé católica não exigisse de seus fiéis, o compromisso de defender e lutar pela Igreja.

Antes de realizar a minha palestra sobre o vídeo “The Soviet Story” e os crimes do comunismo, no auditório de uma universidade aqui em Belém, cujo empreendimento realizei sem apoio algum, salvo com ajuda financeira de um grande amigo, pedi ajuda a um padre. Ele gostou da idéia. Porém, gostou e não fez nada. E ainda me perguntou se eu era contra o Concílio Vaticano II! Na história atual da Igreja Católica, o tradicionalista é mais estigmatizado do que o próprio marxista! Dentro das paróquias e seminários, padres, seminaristas e leigos podem apoiar candidatos comunistas, de tendência pró-aborto, livremente, com a santíssima paz de consciência. Podem apoiar limitações no direito de propriedade, ainda que isso implique, também, confisco das propriedades da Igreja. Inclusive, acreditam no mito do “socialismo cristão”, ainda que um grande papa como Pio XI já tenha afirmado, em uma de suas bulas papais, que tal conceito não somente é uma contradição, como, de fato, é a própria mentira comunista em propaganda. As pastorais da Igreja se transformaram em verdadeiros sovietes bolcheviques. E a CNBB é um antro de bispos vermelhos, não pela cor do martírio cristão, mas pela cor de sangue dos cem milhões de mortos causados por ditaduras esquerdistas. Durante oito anos, o clero católico sabia das intenções totalitárias e abortistas do PT. E por que se calara por tanto tempo? É pior: por que uma parte considerável do clero católico apoiou um partido, que na sua agenda, era a favor da legalização do aborto?

Agora é a moda do momento, denunciar o projeto da legalização da matança de nascituros na campanha petista, como se fosse alguma novidade para os religiosos. No entanto, por mais que haja dividendos políticos fortíssimos para destruir a candidatura de Dilma Rousseff, essa histeria soa bastante superficial. Por acaso o grosso do clero apoiou o corajoso arcebispo de Olinda, Dom José Sobrinho, quando este afirmou que os médicos responsáveis pelo aborto de gêmeos de uma menina de 9 anos poderiam ser excomungados pela Igreja? Esse mesmo clero não colaborou para o crescimento das esquerdas no país? Por que agora protestam contra a política abortista do PT, se no seu histórico, o partido nunca negou suas intenções neste sentido?

O pior de tudo é que a denúncia contra o aborto disfarça uma completa omissão em outros problemas tão graves, na mesma proporção. Para um determinado tipo de padre, frei, bispo e arcebispo, o PT pode ser forçado a aderir à política pró-vida e anti-aborto, contanto que patrocine a pilhagem do MST, censure a livre imprensa, destrua as liberdades civis, individuais, políticas e mesmo a liberdade religiosa. Na lógica energúmena desses eclesiásticos, pode-se preservar o direito à vida, destruindo-se todas as demais liberdades. O mero detalhe de uma sorte inumerável de padres, bispos e cardeais a se aliarem a um grupo marxista, de claras tendências totalitárias, já denuncia uma escandalosa corrupção moral, contra os princípios consagrados pela própria Igreja.

As posições isoladas e corajosas do Padre Paulo Ricardo, de Cuiabá, contra o PNDH-3 e a homília do padre José Augusto, denunciando o que está por trás da candidatura de Dilma Rousseff, contrastam com a covardia moral da CNBB e mesmo da TV Canção Nova que, pressionada pelo PT, aceitou um “direito de resposta”, como que invalidando todas as verdades bem ditas do sacerdote. Em outras palavras, a Igreja Católica brasileira teve medo dos petistas. Não quis comprar a briga, que certamente ganharia. Comungou com as mentiras do PT, que agora nega defender o aborto, apenas por questões eleitoreiras. Se não bastasse esse ato de perfeita prostração da Igreja perante o grupelho totalitário, o pseudo-educador e charlatão elevado a deputado federal pelo Partido Socialista Brasileiro, Gabriel Chalita, ainda levou a candidata atéia, guerrilheira e terrorista pró-aborto ao Santuário de Aparecida, para angariar votos entre os católicos para o PT. O grupo da Canção Nova tenta calar a boca de um padre seguidor dos mais fiéis preceitos católicos, mas permite que um vigarista de marca maior use a própria estrutura da Igreja para promover o poder dos inimigos dela. É a traição eclesiástica ao seu rebanho, a traição eclesiástica contra a sua Igreja. Quem poderá dar ouvidos às posições anti-aborto dos católicos, se uma parte considerável do seu clero apóia ou teme politicamente os abortistas?

Convém dizer o mesmo sobre as imposturas das muitas igrejas evangélicas. Muitos segmentos luteranos são históricos marxistas, dentro das fileiras protestantes. Uma parte considerável de pastores da Assembléia de Deus, por puro oportunismo, apoiou a candidatura de Lula. E a Igreja Universal, que é uma fábrica de gerar dinheiro e angariar votos aos patifes, não somente apóia Dilma Rousseff, como ainda defende o aborto. E aqueles que nem eram petistas ou marxistas, simplesmente se calaram ou se omitiram dos perigos vigentes atualmente contra a fé cristã. Ou seja, se o país chegou ao ponto de legitimar qualquer atrocidade contra a vida, contra as liberdades, contra a propriedade e contra o próprio sistema democrático, tanto os evangélicos, como os católicos têm pesada responsabilidade neste grande delito. Delito de ação e delito de omissão, delito de covardia, delito de não lutarem pela sua fé e pelas suas liberdades. Para que o mal ocorra, basta que os homens de bem se calem. Ó homens de pouca fé, diria Nosso Senhor!

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